sexta-feira, 30 de março de 2012

Sopa se come em casa - Parte final



Hiran conversa com o primo após terem jogado uma partida de futebol. Cerveja à mesa, jogo do Brasil na televisão e risadas, muitas risadas.

- Ela me beijou.
- E você não fugiu?
- Não consegui, ela me agarrou.
- Ora, que ótimo. Se ela ainda não te expulsou de casa, é sinal de que logo terá mais.
- É, infelizmente.
- E esse “mais” significa sexo, você sabe, né?
- Sei sim.
- Grande rapaz. Tenho orgulho desse primo! Garçon, mais uma aqui para a mesa, por minha conta!

O corpo de Hiran queria, e muito, transar com Letícia. Só a consciência dele não partilhava totalmente do desejo, lembrando-o das consequências daquele ato. Com certeza, após o sexo, ela descobriria que ele não é gay, e encerraria o contrato de aluguel no mesmo momento.

Já fazia seis meses desde que começaram a morar juntos, mas o último mês tem sido o mais difícil. Do nada, ela passou a provocá-lo, e desde então tem sido difícil ficar sem pensar em sexo. A dica de manter a arma descarregada tem sido útil nesse tempo, até mesmo no dia do beijo em que não ficou em posição de ataque. Mas até quando resistiria?

“Letícia, tudo bem? Chegarei em casa tarde, hoje. Encontrarei uma pessoa. Por favor, peça uma pizza, ou se quiser, esquente o resto do jantar de ontem. Bjs”.

Com recados como esse no Facebook da companheira de apê, Hiran se livrava de ter que descascar a banana, pois significava que iria sair com uma garota ou à caça de uma. Naquele dia, havia marcado um cinema com uma ficante de longa data. Como havia ficado com tesão por ter beijado Letícia, queria logo transar com alguém para descarregar aquele sentimento acumulado.

Hiran chegou ao barzinho às seis horas. Bebeu uma cerveja, pediu uma porção. Se distraiu com um jogo de basquete na televisão. Alguns minutos depois, recebeu a ligação da ficante. Ela teria que ficar até mais tarde no trabalho, não poderia sair. Raivoso, Hiran pagou a conta e voltou para casa. Xingou a garota de todos os palavrões possíveis. Ainda por cima, teria que preparar o jantar. Todos os planos para aquela noite tinham ido por água abaixo.

Quando Letícia chegou, ficou surpresa ao vê-lo em casa, e soltou aquele “ooi”. Ela estava vestida com a roupa do trabalho, justa o suficiente para exibir as curvas sem perder a elegância. Quando a viu, Hiran teve uma ereção. Foi quando se lembrou, não havia se masturbado, teria que fazê-lo rapidamente.

- Que bom que você chegou. Por favor, pela uma pizza enquanto tomo banho.

Hiran tentou disfarçar a ansiedade e se apressou em pegar toalha e roupas limpas. Quando ia entrar no banheiro, Letícia o chamou. Estava em pé, no quarto, e olhava fixamente para ele. Tirou o terninho. Desabotoou a camisa social, lentamente. Abaixou o zíper da calça.

- Hoje, você não me escapa.

A beleza da mulher, a lingerie, a cara de tesão dela. Hiran estava imóvel, quase um ator representando esplendidamente seu papel. Letícia o acariciou no peito. Tirou a camisa dele. Abaixou a calça. Hiran ainda não se mexia. Letícia desferiu o golpe final, ao ficar completamente nua.

Transaram.

sábado, 10 de março de 2012

Sopa se come em casa - Parte 4


- E aí, amiga, como está o processo?
- Realmente, minhas investidas não estão dando muito resultado – suspirou Letícia.
- Hum, e isso é ótimo. Quanto mais difícil a caçada, melhor o banquete.

Letícia concordava em partes. Estava interessada em Hiran mais pela inteligência do rapaz, do que propriamente pelo aspecto físico da relação. Sentia como se ele fosse um pretendente qualquer, em que o tesão vinha após algum tempo, em segundo plano. Mas confessava estar curiosa em relação ao beijo dele, já que comprava caixas e caixas de chicletes sabor melancia. Pensou nisso a tarde toda, já que a rotina no trabalho estava mais tranquila naquela semana. E voltou para casa decidida a arrancar um beijo do companheiro de moradia.

- Olá, Letícia.
- Ooi.

Pelo tom do “ooi”, Hiran já percebeu que teria sua “homossexualidade” posta à prova. Letícia foi direto ao assunto. Ao sair do banho, chegou bem perto do rapaz.

- Sabia que esse cheiro de loção pós-barba é uma delícia?
- Sim, ganhei de presente de um ex meu.
- Eu tenho uma curiosidade, sabe?
- Qual?
- Como será um beijo de gay?
- Ora, vá a uma boate que você verá dezenas.
- Não é disso que estou falando.
- E do que é?
- Quero experimentar um beijo seu.

Hiran se levanta, alegando que buscar um copo d’água. Letícia vai atrás e encurrala-o na parede, mantendo a cabeça do assustado entre seus braços. Aproxima o rosto devagar, sentindo os diferentes cheiros dele – xampu, loção, chiclete. Fecha os olhos para saborear o beijo e dar total atenção ao momento. Hiran consegue escapar, passando por baixo dos braços da moça. Mas ela puxa-o de volta e rouba-lhe o beijo. Naquele momento, era inevitável a ele lutar. Todo o medo de ser depejado por não ser gay é esquecido. Apenas o beijo importava. E que beijo.