sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Paixão cor da Ferrari



Ele correu, afastou as pessoas que impediu sua passagem e chegou até seu destino. A bela loira não o aguardava, mas sorria para as diversas câmeras que a cercava.

- Saia daqui. Estou trabalhando – disse, em tom baixo.
- Marília, me desculpe. Eu te amo. Demorei para perceber isso, mas te amo.
- Depois conversamos sobre isso. Agora não posso.

Ele saiu, após ouvir alguns insultos por estar entre as lentes das máquinas fotográficas e as duas belas que se exibiam. A Ferrari por si só já atraía olhares de cobiça, desejo e paixão. Com Marília ao lado, estes sentimentos eram elevados ao quadrado.

Rui não desistiu. Saiu apressado do local, dando alívio temporário à mulher que amava. Mas poucos minutos depois, voltava com um buquê de rosas vermelhas. O cartão dizia: “Nosso amor é como estas rosas. Tem o vermelho da paixão, os espinhos do ciúme e deve ser cuidado diariamente, senão pode morrer”.

Marília recebeu os presentes com um sorriso de canto da boca. Envergonhada, se deixava fotografar naquele momento por puro profissionalismo. Afinal, não é qualquer modelo que é escalada para ficar ao lado de uma lenda das quatro rodas.

- O texto está brega... E nem gosto tanto assim de rosas.

Rui tinha a consciência de que a amada estava se fazendo de difícil. Na frente das câmeras, quanto mais demorada é a paixão, melhor. E havia muitas câmeras. Saiu com outra ideia. Seu grande sorriso denunciava a grandeza do planejado.

Em meia hora, chegava um homem carregando uma mesa. Logo atrás, outro distribuiu pratos,  talheres e taças. Em seguida, foram servidos champanhe e um prato francês. Marília sentou e ouviu o que Rui tinha a dizer.

- Sei que errei com você. Sabe, eu levava outra vida antes de te conhecer. Festas, bebidas, mulheres. Com você descobri o amor. Te amo, muito. Vamos ficar de bem.

A garota olhou para o responsável pelo stand. Ele fez um sinal de positivo, pois o público pensava que a cena era uma jogada de marketing. Por isso começaram a chegar as esposas e namoradas dos que babavam pelo carro (e pela modelo também).

Em poucos minutos, a maior parte das atenções estava no stand da Ferrari. A torcida era para a volta do casal. O beijo apaixonado do casal foi aplaudido. Lágrimas rolaram no palco e na plateia. As câmeras registraram cada momento.

Conto em homenagem ao Salão do Automóvel

Foto: Paulo Vitale – www.paulovitale.com.br

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sentimento recíproco



Não sou do tipo da beleza fácil. Não tenho atrativos imediatos que me tornem uma daquelas pessoas que qualquer uma se apaixonaria em poucos instantes. Sequer me esforço para o contrário: visto-me com simplicidade, dedico mais tempo ao trabalho do que ao lazer (tenho sonhos materiais a realizar) e tenho poucos passatempos.

Um destes passatempos é imaginar. Não o fantasioso, nem o absurdo, sequer o imponderável. Imagino romances com as mulheres mais belas que meus olhos têm o deleite de apreciar. Pode ser uma colega de trabalho, uma estrela de cinema ou uma estranha que bebe o suco gelado no meio da tarde na padaria em frente o estacionamento.

De repente minha mente se movimenta a uma simples praia em um dia nublado, com a mulher desejada caminhando e sorrindo, feliz com minha companhia. A trilha sonora remete a músicas calmas, sussurradas, com um violão bem acompanhado, daquelas que ninguém conhece e nem deve conhecer, para não tirar o foco do momento. Sua beleza me faz esquecer tudo o que deve ser feito, me deixa com vontade de simplesmente jogar a vida para o alto e viver apenas o sonho.

Essas visões me fazem feliz. Sorrio sozinho a cada momento que não aconteceu, cada lugar que não visitei, cada companhia que não toquei. Isso não me impede de ter uma vida social e profissional normal, é apenas uma peculiaridade minha. Já me relacionei com mulheres no passado, porém agora quero me dedicar ao futuro que lutei muito para ter o direito de conquistar.

O problema é quando o sonho vira realidade, quando não queria que isso acontecesse. Foi no dia em que a Patrícia, uma amiga de um colega meu, passou a me olhar de forma diferente. Ela é linda, comunicativa e bem-vestida. Tive mil e um “sonhos” com ela, sendo o mais esquisito (embora mais adequado à personalidade gritante dela) em um salão de baile, dançando ritmos caribenhos.

Todas as vezes que saíamos juntos (nós e nossos amigos), ela sempre se sentava do meu lado. Me procurava para bater um papo na internet sempre que possível. Dava um jeito para se infiltrar nos programas mais masculinos só para me ver. Os meus amigos tinham certa inveja, mas me incentivavam.

- Vai lá, cara, chega junto. Ela tá te dando mole. Tirou a sorte grande, hein...

Não importava o quanto eu quisesse apenas manter nossa relação no plano imaginário. Ela sempre vinha atrás de mim. E eu sempre despistava. Até que um dia ela não me deixou escolha. Veio até o meu escritório, vestida do modo mais simples (e sexy) possível. Sem maquiagem, estava com os cabelos presos. Nunca a vi tão linda e feliz. Me convidou para jantar, e eu aceitei.

Agora vivo na carne todos os meus sonhos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Conto: Entrevista com "a mina" de Malhação



O mesmo jovem repórter que entrevistou o Pedro de Malhação, marcou um bate papo com a protagonista da série global, Daniela Carvalho. Eis o conteúdo da conversa:

P: E aí, já estão chovendo buquês de flores e caixas de bombons dos pretendentes?
R: Não tem essa. Sou compromissada e só tenho olhos para o meu namorado. Mas os fãs têm me tratado com muito carinho, e isso é excelente.

P: Como é ser disputada por dois galãs de primeira linha?
R: A Catarina, minha personagem, tem muita sorte, mas também uma personalidade muito forte. Não é qualquer um que consegue chamar a atenção dela. O Eric já a traiu várias vezes, não creio que ele tenha mais chances, a não ser se ele mudar muito. Já o Pedro conquistou o coração dela, mas vários fatores conspiram para que não fiquem juntos.

P: Muitos falam que a Malhação é uma novela “menor”, com roteiro pior e com atores em fase de desenvolvimento. O que você pensa disso?
R: De fato o roteiro não tem a densidade de uma novela das oito. Até porque a linguagem é jovem, é uma série de entretenimento. E tem muitas caras novas sim, por isso não dá para cobrar uma atuação digna de uma Fernanda Montenegro, até pela falta de experiência. E não se deve menosprezar a inteligência de quem assiste, apesar de eu achar que a série não faz isso.

P: Você acha que tem a evoluir como atriz com esse papel?
R: Sim, todos aprendemos algo todos os dias. Mas já tenho experiência no teatro, fiz peças independentes, não sou uma atriz crua. Veja bem: da Malhação saíram diversas ótimas atrizes, a última delas é a Nathalia Dill...

P: Você é muito paquerada?
R: Não, como disse acima, só tenho olhos para o meu namorado.

P: Quais seus segredos de beleza?
R: Rir bastante, ser bem-humorada, fazer atividade física, beber muita água...

P: Você nunca perde o controle?
R: Perco, claro, sou humana.

P: Um recado para os fãs (nota do editor: ô conversinha chata...)
R: Assistam Malhação. Beijos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O pequeno craque

Ele tinha pouca idade, mas uma responsabilidade enorme nas costas. Não era profissional ainda, e por isso mesmo tinha que coordenar todo o time do bairro o qual era camisa 10. O torneio regional até tinha sido relativamente fácil – ficaram em segundo lugar e conquistaram a vaga para o estadual.


No estadual, deu sorte de os principais adversários terem caído na mesma chave e, literalmente, se matarem. Assim, chegaram à final como zebras, mas conquistaram a vitória, com direito a três gols do garoto-prodígio.

O título os levou a um grupo teoricamente mais fácil no torneio nacional. Por isso passaram pela primeira fase com facilidade. Depois, nas quartas de final, uma vitória nos pênaltis, e um alerta de que a partir dali os jogos seriam mais difíceis. E assim foi: outra vitória nos pênaltis na semi-final e a vaga na grande final garantida. Perderam por 4 a 0.

A perda do título só não foi menos chorada porque os finalistas garantiriam uma vaga no torneio mundial. Campos excelentes, olheiros internacionais e a chance de disputar jogos com os times mais famosos: Manchester United, Porto, Barcelona, Milan... todos estariam lá, sendo enfrentados pelo garoto, que não tinha medo deles – pelo contrário, sentia imenso orgulho e coragem de jogar contra os melhores.