sábado, 10 de março de 2012

Sopa se come em casa - Parte 4


- E aí, amiga, como está o processo?
- Realmente, minhas investidas não estão dando muito resultado – suspirou Letícia.
- Hum, e isso é ótimo. Quanto mais difícil a caçada, melhor o banquete.

Letícia concordava em partes. Estava interessada em Hiran mais pela inteligência do rapaz, do que propriamente pelo aspecto físico da relação. Sentia como se ele fosse um pretendente qualquer, em que o tesão vinha após algum tempo, em segundo plano. Mas confessava estar curiosa em relação ao beijo dele, já que comprava caixas e caixas de chicletes sabor melancia. Pensou nisso a tarde toda, já que a rotina no trabalho estava mais tranquila naquela semana. E voltou para casa decidida a arrancar um beijo do companheiro de moradia.

- Olá, Letícia.
- Ooi.

Pelo tom do “ooi”, Hiran já percebeu que teria sua “homossexualidade” posta à prova. Letícia foi direto ao assunto. Ao sair do banho, chegou bem perto do rapaz.

- Sabia que esse cheiro de loção pós-barba é uma delícia?
- Sim, ganhei de presente de um ex meu.
- Eu tenho uma curiosidade, sabe?
- Qual?
- Como será um beijo de gay?
- Ora, vá a uma boate que você verá dezenas.
- Não é disso que estou falando.
- E do que é?
- Quero experimentar um beijo seu.

Hiran se levanta, alegando que buscar um copo d’água. Letícia vai atrás e encurrala-o na parede, mantendo a cabeça do assustado entre seus braços. Aproxima o rosto devagar, sentindo os diferentes cheiros dele – xampu, loção, chiclete. Fecha os olhos para saborear o beijo e dar total atenção ao momento. Hiran consegue escapar, passando por baixo dos braços da moça. Mas ela puxa-o de volta e rouba-lhe o beijo. Naquele momento, era inevitável a ele lutar. Todo o medo de ser depejado por não ser gay é esquecido. Apenas o beijo importava. E que beijo.

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