quarta-feira, 11 de julho de 2012

Você nunca pegou uma flor do jardim para me dar

Você nunca pegou uma flor do jardim para me dar.

Foi isso que ela me disse no dia em que terminamos. Na hora, ri por dentro. Eu tinha pelo menos uns três argumentos para rebater essa frase absurda. Digo apenas um, para dar uma dimensão do momento: em meses de relacionamento, foram várias as vezes em que enviei rosas vermelhas à minha amada. Creio eu, que rosas vermelhas são mais bonitas, chiques e mais caras que a flor do jardim. E têm a mesma representação, o de presentear.

Mas não disse nada. Argumentar só traria mais dor e sofrimento àquele momento. Torná-lo mais difícil para ela não amenizaria minhas lágrimas.

A verdade é uma só. Termina-se um relacionamento porque o amor não existe mais. E ele pode acabar por dezenas de motivos. Uma traição, uma outra paixão. Vontade de ficar sozinho, aproveitar família e amigos.

Ela queria terminar comigo, e sobrou para as pobres flores que enfeitam os jardins brasileiros a culpa. Quantas não devem ter murchado pela angústia de ser o motivo pelo fim do nosso relacionamento. Queriam mil vezes ter sido cortadas por uma faca cega, ou simplesmente arrancada à mão nua, do que conviver com esse fardo até o último dia de suas vidas.

Claro, há as que não estão nem aí, e se exibem às pessoas e aos insetos. Sentem-se superiores a mim, meu ex-relacionamento e às flores que sofrem em silêncio.

Hoje, olhando para esse fato (que ocorreu há anos), vejo o quão idiota eu fui. Dediquei-me ao relacionamento de corpo e alma, e nada tive em troca. Era feliz por tê-la ao meu lado, ela era meu troféu, minha grande conquista. E, para expressar todo meu amor, a presenteava com rosas vermelhas. Não com flores roubadas de um parque ou um jardim particular meticulosamente cuidado. E foi por isso que terminou.

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