Caro jovem, belo, ativo, empreendedor, cabeludo e dentuço,
A vida não começa aos 40, como muitos dizem por aí. O início se dá muito antes. Como diz aquela música do rei, é preciso saber viver. Espero que este texto lhe sirva como um guia para aproveitar melhor os seus ensolarados momentos.
Começando pelo amor. Ah, o amor. Sempre achamos que iremos casar e viver felizes para sempre com nossa primeira namoradinha de colégio – ou de bairro, ou das festas, de onde for. Aquela paixão fumegante, o tesão que brota com um olhar, os belos sorrisos, os olhos sem rugas. Se você já passou dos 16, sabe que é lorota de novela tudo isso. O negócio é viver seus amores da melhor forma possível. E, acredite, não fui o que chamam hoje em dia de “galinha”. Busquei não ferir a próxima, pois sei que a dor de ser traído é forte.
Casei-me pela primeira vez aos 29 anos. Faz tempo. Com 15 anos de matrimônio, já não havia mais sexo, conversas engraçadas, eventos em conjunto. A morte de nosso filho, logo no início, foi também um fator determinante. Mas não falarei sobre isso. O segundo casório foi apenas no civil, aos 49, com uma mulher com a idade parecida com a minha. No início era ótimo, pois fizemos um pacto de cada um morar em uma casa diferente. Mas dois fatores causaram nosso divórcio. O primeiro foi a falência da família dela, o que fez com que ela vendesse o apartamento e buscasse um teto ao meu lado. Aos poucos a convivência foi ficando insuportável. O segundo fator foi adultério, da parte dela (eu até dava umas escapadas, mas escondia muito bem). Senti mais alívio do que dor ao descobrir que era chifrudo. Tive um bom motivo para me separar.
A partir daí, somente namorei. Até cheguei a juntar os trapos uma vez. Só que fui esperto, fiz vasectomia após o segundo divórcio, e a dita cuja apareceu grávida. Esperei a criança nascer e pedi o exame de DNA. Confiante, esfreguei o resultado na cara dela, e a expulsei junto com seus dois cachorros fedorentos.
Hoje, acredite, namoro uma mulher de 40 anos (isso mesmo, a metade), com corpo de 30. E ela é fogosa, não sei como dou conta. Aliás, com certeza ela deve ter amantes, para terminarem o serviço que eu deixo incompleto. Mas ela me faz feliz, principalmente quando saímos e todos ficam olhando para o velho com a gata ao lado. “Deve ser milionário”, eles pensam.
Não sou rico, sempre trabalhei duro. É verdade que consegui bons empregos, e tive uma vida confortável. Tive um pouco de sorte em umas empresas que ajudei a investir quando estavam no começo e hoje são famosas. Por isso acumulei um bom capital. Mas esbanjei pouco; até possuía joias, roupas boas, mas usava com moderação. Creio que este estilo simples, porém boêmio e bem arrumado chamou a atenção de algumas beldades. A maturidade é outro fator afrodisíaco também, tal como os cabelos grisalhos e em menor quantidade. Dão um ar intelectual, calmo e sereno. E mulheres buscam confiança, se é que me entendem. Conclusão: meu membro não pode reclamar de ócio.
Quer falar sobre esportes? Ok, o futebol, claro, sempre dominou minha preferência. Também já corri, nadei, fiz esgrima (com espadas, sabe?), e vôlei adaptado. Para mim, o esporte tem que ser feito por prazer. Nada dessa ladainha de buscar saúde. Ela é consequência dos exercícios. Claro que já fui muito mais ativo do que sou hoje, mas um conselho: faça esportes por prazer. É o mesmo que sexo – você não o faz para ter filhos, apenas, não é?
Meu querido, já são quase nove da noite, e estou morrendo de sono. Talvez um dia volte e escrever, e lhe conte algumas aventuras, ou detalhes que deixei de mencionar acima. Pode me escrever (se quiser fazer no computador, fique à vontade), adoro receber cartas. Se bem que há muito tempo isso não acontece.
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