sábado, 4 de fevereiro de 2012

Sopa se come em casa - Parte 2


A vida amorosa de Letícia estava abalada. Nos últimos cinco anos, teve dois namorados. No começo, tudo eram flores, bombons, romance, cinema. Mas a ascensão profissional da agora Diretora de RH, sua dedicação ao trabalho e personalidade forte fizeram esfriar os dois relacionamentos, ambos terminados pelos rapazes. Nada que a deixasse deitada na cama, chorando com um pote de sorvete ao lado. Porém, a solidão a fazia questionar se o rumo que estava dando à sua vida era o correto.

Solidão, aliás, era modo de dizer. Sempre que quisesse, conseguia um amante. Fosse um antigo colega de faculdade, fosse alguém que conhecera na balada. Bastava sair à noite, ou ficar mais tempo no msn que os homens se aproximavam. Pudera, a pele lisa e morena, os cabelos castanhos claros e a bela boca atraíam os olhares e a cobiça dos homens.

Porém, naquele momento ela queria novas experiências. Sempre fora paquerada pelos homens, e escolhia a dedo qual seria seu. Mas nunca havia cortejado um rapaz, buscado conquistar alguém. Não sabia o sabor de ter para si alguém que havia sonhado, e um dos motivos disso é o fato de ela gostar de homens casados. Por motivos diversos, mantinha a fantasia escondida. Não queria ser a outra, nem destruir um lar. Por outro lado, se um homem era divorciado ou solteiro, já significava que devia ter algum defeito grave, e por isso não se interessava. Eram os comprometidos que a atraíam de verdade.

- Amiga, você tem duas opções – disse-lhe uma colega de trabalho, durante o almoço.
- E quais seriam?
- Ou você investe em algum partidão com aliança no anelar esquerdo, ou...
- Ou?
- Ou você conquista alguém que, a princípio, sequer olhava para você. Um gay, por exemplo.
- Gay?
- Isso, um gay. A Ritinha, da recepção, conseguiu transar com um. Disse que se sentiu a mulher mais gostosa do mundo. Afinal, praticamente mudou a opção sexual do cara, mesmo que fosse por aquela noite.

Naquele momento, o único gay que Letícia tinha contato frequente era Hiran. E ela nunca tinha olhado para ele como alguém que pudesse dar uns beijos, imagina ter contatos íntimos. Mas agora ela desenvolvia uma curiosidade difícil de ser deixada de lado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário