quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Serenata pelo YouTube




Ontem à noite, eu conheci uma guria. Já era tarde, era quase dia.

Parafraseei Humberto Gessinger para mostrar como foi meu fim de noite, ontem. Salvar uma balada de sábado não é das missões mais fáceis. Eu estava quase desistindo de ficar com alguém, quando ela apareceu na minha frente. Ela estava bêbada, mas não a ponto de dar vexame. Eu estava, com certeza, mais alcoolizado que ela.

Mas vamos ao que interessa. O papo até que fluiu bem. Falamos sobre a música que estava tocando. Um pop alternativo, desses que não toca nas rádios,  mas muitos conhecem. Ela me contou que lia vários blogs sobre música, e a canção que era executada naquele momento recebeu muitos elogios de críticos e do pessoal que comentava.

Veja só, ela gostou tanto da música que fez um vídeo com imagens que ela gostava, fotos dela e de amigos, coma música de fundo.

- Já tem 3.827 visualizações - contou, entusiasmada.

Quando eu contei que tocava baixo, ela se mostrou interessada. Queria ver uma exibição minha com o instrumento. Até tentei argumentar, dizendo que ele não tem uma sonoridade solitária, como o violão ou o teclado. Eram necessários outros instrumentos, como uma bateria, para complementar o som.

Mas ela insistiu. "Mexa seus pauzinhos", disse, sem qualquer ironia ou jogo de palavras. Dessa forma, não pude recusar, mas pedi algum tempo para ensaiar uma música bem interessante para mostrar a ela. Usei esse argumento também para conseguir uma segunda oportunidade de encontrá-la, sem tanta música alta nem pessoas ou bebidas ao redor. Parece que colou.

Mudei o assunto e perguntei sobre trabalho. O que ela fazia, onde trabalhava? Ela despistou. Não quis falar, disse que assim lembrava que em poucas horas (já era domingo, nunca é demais lembrar) teria que voltar ao batente. Respeitei, provavelmente não era o trabalho que ela sonhara.

Aí algo interesante aconteceu. Como não ficou à vontade com o assunto, e percebeu que eu havia ficado surpreso com isso, propôs de nos encontrarmos novamente. Com alegria, a convidei para um programa pouco usual e antiquado: ir a uma sorveteria.

- Uau, adoraria - ela respondeu.

Nos despedimos com um beijo. Foi mais um selinho. Antes, adicionamos nossos perfis no Facebook, nos seguimos no Twitter e, pasmem, trocamos MSN.

Assim, misturando o tecnológico com o comportamento do início do século, tive uma outra mirabolante ideia. Iria fazer uma serenata virtual. No baixo e voz. Posicionei meu celular e gravei uma música. O som do baixo ficou parecido com o de Nathan East na introdução de Old Love, do Eric Clapton, que você ver aqui. Parece um violão tocando bossa nova. Para a voz, fiz uma letra qualquer contando nossa história, utilizando as palavras linda, amor, apaixonado e a frase principal, quer namorar comigo.

Pus no YouTube, mandei o link no Facebook dela e desliguei o computador. Três horas depois, ela me ligou, toda eufórica. Disse que aceitava namorar comigo, e falou para ver quantos compartilhamentos foram feitos. No total, 315. Fora os comentários, os curtir (1.741) e as menções no Twitter. No total, só no primeiro dia, foram 5.592 visuzalizações. Mais do que o vídeo da agora minha namorada.

Fiquei famoso, dei algumas entrevistas. Nada demais. O que eu queria mesmo eu havia conseguido. A guria, finalmente, era minha. Para os geeks e tecnológicos de plantão, fica a dica.

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