quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sentimento recíproco



Não sou do tipo da beleza fácil. Não tenho atrativos imediatos que me tornem uma daquelas pessoas que qualquer uma se apaixonaria em poucos instantes. Sequer me esforço para o contrário: visto-me com simplicidade, dedico mais tempo ao trabalho do que ao lazer (tenho sonhos materiais a realizar) e tenho poucos passatempos.

Um destes passatempos é imaginar. Não o fantasioso, nem o absurdo, sequer o imponderável. Imagino romances com as mulheres mais belas que meus olhos têm o deleite de apreciar. Pode ser uma colega de trabalho, uma estrela de cinema ou uma estranha que bebe o suco gelado no meio da tarde na padaria em frente o estacionamento.

De repente minha mente se movimenta a uma simples praia em um dia nublado, com a mulher desejada caminhando e sorrindo, feliz com minha companhia. A trilha sonora remete a músicas calmas, sussurradas, com um violão bem acompanhado, daquelas que ninguém conhece e nem deve conhecer, para não tirar o foco do momento. Sua beleza me faz esquecer tudo o que deve ser feito, me deixa com vontade de simplesmente jogar a vida para o alto e viver apenas o sonho.

Essas visões me fazem feliz. Sorrio sozinho a cada momento que não aconteceu, cada lugar que não visitei, cada companhia que não toquei. Isso não me impede de ter uma vida social e profissional normal, é apenas uma peculiaridade minha. Já me relacionei com mulheres no passado, porém agora quero me dedicar ao futuro que lutei muito para ter o direito de conquistar.

O problema é quando o sonho vira realidade, quando não queria que isso acontecesse. Foi no dia em que a Patrícia, uma amiga de um colega meu, passou a me olhar de forma diferente. Ela é linda, comunicativa e bem-vestida. Tive mil e um “sonhos” com ela, sendo o mais esquisito (embora mais adequado à personalidade gritante dela) em um salão de baile, dançando ritmos caribenhos.

Todas as vezes que saíamos juntos (nós e nossos amigos), ela sempre se sentava do meu lado. Me procurava para bater um papo na internet sempre que possível. Dava um jeito para se infiltrar nos programas mais masculinos só para me ver. Os meus amigos tinham certa inveja, mas me incentivavam.

- Vai lá, cara, chega junto. Ela tá te dando mole. Tirou a sorte grande, hein...

Não importava o quanto eu quisesse apenas manter nossa relação no plano imaginário. Ela sempre vinha atrás de mim. E eu sempre despistava. Até que um dia ela não me deixou escolha. Veio até o meu escritório, vestida do modo mais simples (e sexy) possível. Sem maquiagem, estava com os cabelos presos. Nunca a vi tão linda e feliz. Me convidou para jantar, e eu aceitei.

Agora vivo na carne todos os meus sonhos.

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