segunda-feira, 29 de outubro de 2012

DEIS SP - Mortos sem sangue Parte 1


- Declaro inaugurada a D.E.I.S. de São Paulo.

Pop. Assim fez a garrafa de champanhe aberta pelo Governador do estado, em uma sala pequena, mas aconchegante, da sede oficial do governo. Ali seria o escritório da divisão paulista do DEIS, assim, sem alarde, sem imprensa, na mais completa discrição. A necessidade de criar esta divisão se deu após a aparição de pessoas mortas sem sangue em um condomínio de luxo em Campinas – caso este ainda não solucionado.

Por questões financeiras, apenas três agentes foram recrutados. O irlandês de origem alemã Hans (“preferia um belo whisky, but it’s ok”), o delegado Fabio e a investigadora Raquel, a primeira a atender o chamado de emergência que originou a abertura desta divisão.

- Deixe-me apresentá-los. Hans é irlandês, fala pouco nossa língua, mas é chefe da polícia sobrenatural (sim, isso existe) de Dublin. Está aqui como voluntário, por tempo indeterminado. Fabio foi designado a esta nova missão por se destacar na delegacia anti-sequestro…

- Quero deixar bem claro que não acredito nessas baboseiras – Fabio interrompeu grosseiramente a fala educada e serena do governador. Eu já vi muitas coisas nessa vida, e para mim, é apenas mais um maníaco assassino.

- Enfim – continuou o político – Raquel foi a primeira policial a presenciar as vítimas em Campinas. Investigou sobre o caso, sem sucesso, mas mostrou-se motivada sobre o assunto. Pediu ajuda ao DEIS do Rio Grande do Sul, eles se mostraram solícitos, mas sem pessoal suficiente para ajudá-la sem prejudicar as operações por lá.

A conversa prosseguiu em caráter profissional por mais meia hora. Fábio era o mais inquieto, e parecia não acreditar no que ouvia. Hans exagerou no champanhe e ficou sonolento, mas seu currículo o torna o grande mentor desta equipe. Raquel apenas ansiava pelo que viria, e tinha a sensação que agora seu trabalho valeria cada suor de seu esforço.

XXX

No dia seguinte, rumaram à cidade das andorinhas. Fabio sugeriu ir ao local dos crimes, fotografar o ambiente e entrevistar testemunhas. Hans logo interrompeu-o dizendo que iriam à noite, se possível ver e capturar a criatura. Raquel engoliu seco, mas não deixou transparecer suas preocupações.

Ao chegarem ao condomínio, no final da tarde (e, portanto, ainda claro), Hans abriu uma mala e entregou a cada companheiro uma pistola de prata, com munição do mesmo material. Além dessa arma, uma faca também de prata foi dada a cada um. “Deve se tratarrr de um lobisomem” proferiu Hans, com seu sotaque característico. Fabio tossiu para disfarçar a risada, mas ficou sério com os olhares de repressão de seus colegas.

A noite passava, e dentro do carro o silêncio era total. Fábio quase dormia. O lugar estava extremamente escuro – era um condomínio de chácaras de sítios, com mais áreas verdes do que construídas. As luzes do carro foram apagadas, e ficaram estacionados em uma das estradas de terra do local. Raquel começava a se sentir aliviada por não encontrar a criatura que sugou o sangue de três moradores daquele local, quando se ouviu claramente um uivo. No mesmo momento, Hans pulou para fora do carro e correu pela estrada em direção ao barulho. Raquel tratou de seguir o comandante, com a arma em punhos. Fabio foi o último a deixar o veículo, alegando que eram “apenas cães lamentando a morte de um amigo”. Correram cerca de cinco minutos até chegar em frente a uma casa, dessas cercadas por mato. De dentro da mesma, gritos que pareciam de uma mulher. Nem foi preciso se aproximar demais ao local, logo apareceu na porta lateral da casa, uma estranha criatura em passos lentos. A escuridão não permitia a identificação da mesma, que ao perceber a presença dos três agentes, começou a urrar e correr em direção aos mesmos. Ela só foi parada por três tiros vindos da arma de Fabio.

- Não falei? É apenas mais uma pessoa. Deve estar fantasiada para o carnaval – disse aproximando da criatura deitada na grama. Fabio começou a mexer no focinho do lobo, procurando algum zíper ou algo que provasse que se tratava de uma máscara, porém não encontrava nada, o que o deixou cada vez mais irritado.

- Qual pistola você usou? – perguntou Hans, ao verificar nas mãos do delegado uma arma diferente da que havia dado.

- É a Verônica, minha automática da sorte – Fabio continuava a procurar vestígios de fantasia.

Hans começou a gritar para seu colega se afastar da criatura, justificando que a mesma estava apenas atordoada. Fabio não deu ouvidos, e foi surpreendido com um tapa do animal, que o arremessou longe. Com incrível velocidade, a criatura fugiu entre as árvores.

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