quinta-feira, 17 de junho de 2010

Relatos de um psicopata


 Tá, eu confesso. Matei todas aquelas garotas. Sabe como é, umas me enchem o saco, outras não me querem, e todas se tornam problemas. E eu simplesmente decidi, um belo dia, que iria eliminar todos os problemas de minha vida. Assim o fiz.

A primeira foi a Amanda. Linda, sorridente, tinha um bundão. Ela simplesmente não olhava para mim. Você sabe o que é um adolescente ser ignorado pela garota dos seus sonhos? Eu pensava que ela simplesmente ainda não tinha decidido namorar, o que é normal; às vezes a garota tem como objetivo na vida estudar, conseguir um bom emprego, curtir a juventude. Mas ela vivia de chamego para alguns caras da minha sala. E nada de dar atenção a mim.

Bom, hoje, talvez no céu, ela sabe quem sou. Fui eu quem ela viu pela última vez. Não é bonito? Você é a última lembrança em vida de uma garota. Garota não, beldade. Uma gata.

A segunda foi a Aimee. Assim mesmo, francesa. Se ela nasceu na Europa, eu não sei. Falava muito bem o português, com gírias e frases perfeitas. Fazíamos cursinho juntos. Uma vez a vi em uma propaganda de calças jeans, e tive um choque: ela era modelo. Eu não a achava tão bela, era magra demais. Mas ter uma modelo em minhas conquistas faria com que minha vida fosse mais completa.

Comecei me aproximando como quem não quer nada. Ficamos amigos, mas desses que dividem a mesma turma juntos. Uma vez tentei me declarar. Gaguejei, e ela percebeu minhas intenções. A partir deste dia se distanciou de mim. Essas coisas machucam a gente por dentro. Diminuem a nossa autoestima e nos fazem sentir feios, sujos, mal-vestidos. A gota d’água foi o dia em que fomos a uma festa, e ela beijou um cara na minha frente. Convenhamos, ele era muito mais feio, não cheirava muito bem e tinha os dentes tortos. O que ela viu nele, e me deixou de lado? Bom, de qualquer forma, aquele foi o último beijo da vida dela. Naquela noite, ela não voltou para casa.

Essas duas eu lembro porque foram marcantes: a primeira paixão e a modelo. As outras, eu não dizer a ordem, nem quando. Somente as circunstâncias. Acredite, todas mereceram o destino que tiveram.

A Miriam, por exemplo, se foi desta para uma melhor porque riu. De mim, obviamente. Foi uma das mulheres mais lindas com quem eu já tive um affair (como dizem as revistas de fofocas). Nos conhecemos em uma viagem, mas nada aconteceu. Por isso trocamos contatos, e marcamos de visitar o Rio de Janeiro juntos. Cristo, Corcovado, Copacabana. À noite fomos ao meu quarto de hotel. Beijos aqui, toques ali e o momento foi esquentando. Só que eu estava com mais pressa do que ela. Eu já estava de roupas íntimas, e ela começava a tirar a blusa. Seu colo, perfeito. Mais beijos e carícias rolaram até ela tirar, com sensualidade e movimentos suaves, a calça. Eu não resisti a seu belo corpo, mesmo de lingerie sob uma meia-luz cinematográfica.

Quando ela viu minha cueca molhada, começou a rir. Não foi uma risadinha discreta, foi uma gargalhada. Pediu desculpas, mas chorava de tanto rir. Foi a última risada dela. E eu ri melhor, porque ri depois.

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